Para
inaugurar minha coluna de resenhas literárias (ou seja lá o que o for isso que farei
daqui pra frente!), tchan tchanranran...: ‘Rapadura é doce, mas não é mole’, de
José Vilela!
A obra infantojuvenil foi publicada pela primeira vez em Mato Grosso, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, em 1999. Esta resenha foi escrita com base na segunda edição do livro, que já está na terceira edição.
‘Rapadura...” é uma fábula que conta a história do Tamanduá-Bandeira e seus quatro genros: o Martim-Pescador, o Jacaré, o Carrapato e o Pica-Pau.
Uma história tão brasileira, escrita por um mato-grossense morador de Roraima, com um título/ditado popular que é a cara do nordeste, ambientada entre dois rios do Centro-Oeste, e com animais, inclusive o protagonista (Tamanduá-Bandeira), que são bem familiares para muitos de nós amazônidas.
Antes de começar a história, o escritor já nos ganha. Em ‘Palavras do Autor’, narra um fato que teria ocorrido com sua irmã: ao ser assaltada na rua, instintivamente, ela teria usado a bolsa como arma contra o ladrão de galinha, que desabou ‘de cata-cavaco no chão’. E o que tem isso? Dentro da bolsa, havia uma rapadura. Aliás, como diz Vilela, ‘Santa Rapadura’. Salvou mais uma vida! E o assaltante, se não sabia, aprendeu, da forma mais dolorosa possível, o porquê do ditado ‘rapadura é doce, mas não é mole’.
Vilela, a quem ainda não tive o prazer de conhecer pessoalmente, faz parecer fácil o exercício da escrita. Sua narrativa é fluida, como quem, com causos e mais causos antigos, impressiona os netos, sentados em roda, ao pôr do sol, na frente de casa. É como se ao ler, ouvíssemos a voz do narrador.
Jornalista que se fez escritor, de forma nem tão esporádica como o autor humildemente refere a si mesmo no livro, em ‘Rapadura...”, José Vilela metamorfoseia-se, diante do leitor, naquele avô que conta cada história do tempo em que os animais falavam e que deixa a meninada de olhos arregalados e ouvidos atentos para não perder nenhuma aventura de bichos que mais parecem gente.
Aliás, esse é um dos pontos altos do livro: o poder de construir os personagens (animais) demasiadamente humanos, com sentimentos, fraquezas, humor. É verdade que a figura de linguagem prosopopeia (ou personificação) é predominante em qualquer fábula, mas, em ‘Rapadura...”, Vilela passou da conta, está de parabéns, matou a pau, ou seja lá qual expressão você usa para dizer que alguém foi além da média.
Vamos à história: o Tamanduá-Bandeira quer medir força com seus genros e, a cada capítulo, se dá mal tentando repetir o feito de cada um deles: na pescaria, na preparação da fogueira, em descer de árvores e na colheita de mel.
Como toda fábula, no fim, o leitor é apresentado à moral da história (ainda que não esteja grafada no livro a expressão ‘moral história’) que você terá que ler para saber qual é (não serei inconveniente a dar spoilers aqui!).
Espero
que se aventure em ‘Rapadura é doce, mas não é mole’ e, quem sabe, assim como
eu, ficará louco de vontade de ler ‘O Guru da Floresta’, publicação mais
recente do autor.
VILELA, José. Rapadura é doce, mas não é mole. 2. ed. Boa Vista: José Vilela de Moraes, 2016.
Ah, escritor(a), se você tem interesse em ter sua obra resenhada pelo blog, entre em contato
VILELA, José. Rapadura é doce, mas não é mole. 2. ed. Boa Vista: José Vilela de Moraes, 2016.
Ah, escritor(a), se você tem interesse em ter sua obra resenhada pelo blog, entre em contato
Obrigado, Aldenor Pimentel por essa resenha. Nota 10.
ResponderExcluirFoi um prazer
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