quarta-feira, 5 de junho de 2019

Ua:Brari e o outro lado do mundo de Marcelo Rubens Paiva


O romance Ua:Brari: do outro lado do mundo, de Marcelo Rubens Paiva, me conquistou logo nos agradecimentos, quando cita importantes nomes para Roraima, meu Estado natal. Ali, o autor reverencia grandes defensores da causa indígena, muitos que admiro de longe ou tive a felicidade de conhecer de perto, entre os quais: Davi Kopenawa, Carlos Zaquini, Claudia Andujar, Edson Soares Diniz.

Publicado em 1990, após uma decisiva conversa de bar entre o escritor e lideranças indígenas brasileiras em Belém, Ua:Brari tem como título um personagem da narrativa mítica makuxi, que descobriu um caminho por baixo da terra para chegar ao outro lado do mundo. Marcelo Rubens Paiva usa essa figura para criar a história do filho de um grande empresário paulista que se torna uma espécie de líder messiânico em Roraima, alguém que encontrou o caminho para o outro mundo, segundo a crença de sua multidão de seguidores.

Autor de Feliz Ano Velho, Marcelo Rubens Paiva, em Ua:Brari, lapida com maestria um narrador-personagem que, de tão humano, nos faz não querer abandonar a leitura, mesmo em grandes porções de páginas em que nada de mais acontece. Segundo o próprio autor, há amigos que consideram este seu melhor livro.

Ainda que, em muitos momentos, eu tenha ficado em dúvida se a história tem imprecisões geográficas ou apenas escancarou meu desconhecimento sobre algumas regiões do meu próprio Estado, achei importante ver Roraima como cenário de histórias ficcionais dessa magnitude, que mostram uma Amazônia urbana e suas complexas questões ainda atualíssimas, tais como mineração, conservação ambiental, soberania nacional, etc.

Vá lá que estranhei alguns rumos que a história tomou, o que é muito comum! No fim das contas, recomendo conhecer esse outro lado do mundo de Marcelo Rubens Paiva.

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