Neste blog, já resenhamos obras literárias cujas histórias se passam em Roraima escritas por autores que não nasceram nem moram ou moraram no Estado.
Ainda que a obra não cite textualmente a montanha, o Monte Roraima é a inspiração e o cenário do infantojuvenil ‘O Mundo Perdido’, do escritor britânico Arthur Conan Doyle. Outro exemplo é o também infantojuvenil ‘Órfãos de Haximu’, de (2010), das autoras cariocas Inês e Maria Lúcia Daflon, sobre o povo Yanomami.
Conheça algumas outras obras escritas por não roraimenses também inspiradas e/ou ambientadas em Roraima:
Macunaíma (1928), de Mário de Andrade
Macunaíma, livro de Mário de Andrade publicado em 1928, é considerado um dos principais romances modernistas. A obra é uma rapsódia sobre a formação do Brasil, em que vários elementos nacionais se cruzam numa narrativa que conta a história de Macunaíma, o "herói sem nenhum caráter".
A principal inspiração do romance é o segundo de cinco volumes do livro, publicado em alemão em 1916, ‘Do Roraima ao Orinoco’, em que o etnólogo Theodor Koch-Grünberg, transcreve histórias narradas por indígenas dos povos Arekuná e Taulipanque (Taurepang). Mário de Andrade mesclou a história de Makunaíma, como grafa Koch-Grünberg, com outras de Capistrano de Abreu, Couto Magalhães, Pereira da Costa e relatos orais.
Sinopse: Macunaíma nasceu no fundo do mato-virgem, filho do medo e da noite, uma criança birrenta, preguiçosa e de mente ardilosa. Passa a infância em uma tribo amazônica até que toma banho de mandioca brava e se torna um adulto. Apaixona-se por Ci, a Mãe do Mato, e com ela tem um filho que morre ainda bebê.
Após a morte do filho, Ci sobe aos céus de desgosto e vira uma estrela. Macunaíma fica muito triste por perder a sua amada, tendo como única recordação dela um amuleto chamado muiraquitã. Porém ele o perde.
Macunaíma descobre que o amuleto está em São Paulo na posse de Venceslau Pietro Pietra, o gigante Piamã comedor de gente, para onde vai com os irmãos a fim de recuperar o muraiquitã.
Ua: Brari: do outro lado do mundo (1990), de Marcelo Rubens Paiva
Lançado originalmente em 1990, Ua: Brari é o terceiro livro de Marcelo Rubens Paiva, autor do clássico Feliz Ano Velho. Apesar disso, o autor não considera este seu melhor livro: “Pessoas gostam de coisas em Feliz Ano Velho que considero tolas. Meu livro Ua: Brari: passou despercebido. Já encontrei alguns amigos que me falam que é o meu melhor livro. Livro semi-experimental, que escrevi todo ele entorpecido por THC e pela paixão por Guimarães Rosa”.
Em Ua: Brari, os dramas de cada personagem se misturam à história recente do Brasil. O livro conta a trajetória de Fred, que retoma seu romance com Bia no dia do casamento dela com Júlio, irmão de Zaldo. Os três rapazes já namoraram Bia e, quando jovens, todos estudaram juntos, mas não desconfiam que a vida deles em breve estará interligada num enredo de paixão, drama, dor e loucura.
Jornalista, Fred é convocado para fazer uma expedição à Amazônia e descobrir o paradeiro de Zaldo, que, desapareceu na mata. Mais tarde chega a notícia de que este lidera uma seita e é tratado como messias pelos povos da floresta. Chamam-no de Ua: Brari, que, segundo lenda dos índios Macuxi, é o nome do jovem que conhecia o caminho para o outro lado do mundo.
Histórias de corrupção e mentira surgem diante do repórter, mas ele precisa se calar, pois tem a vida ameaçada.
A árvore do mundo e outros feitos de Macunaíma: mito-herói dos índios makuxi, wapixana, taulipang e arekuná (1986), de Ciça Fittipaldi
O livro de Ciça Fittipaldi faz parte da série Morená, com a qual a autora conquistou o Prêmio APCA Destaque Especial em Literatura Infantil de 1986.
Também compõe a série o livro ‘Naro, o Gambá: mito dos índios yanomami’, além de outras obras inspiradas em etnias indígenas brasileiras.
Sinopse: as façanhas de Macunaíma, narradas com o falar direto e encantatório dos indígenas. O mito-herói revelou e ordenou o mundo. A beleza das ilustrações ilumina o tom mágico e poético do texto.
Naro, o gambá: mito dos índios yanomami (1986), de Ciça Fittipaldi
Com ilustrações inspiradas nas culturas indígenas de onde foram transcritos, a obra apresenta os mitos de índios em linguagem que tem por objetivo conservar o tom mágico e a poesia.
A história de Naro, além de narrar como as coisas se instalaram no mundo, pintando nos bichos as pinturas corporais que se tornaram suas características, fala sobre a vaidade, o ciúme amoroso e seus venenos letais.
No tempo em que os bichos eram gente, o Gambá vivia com Mel numa cabana. As moças Flor e Abelha foram à cabana de Gambá, e este se mostrou para elas. Só que elas gostaram de Mel, que era bonito e cheiroso, enquanto Gambá era feio e malcheiroso.
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