quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Déjà-vu: o espírito de Elena em Democracia em Vertigem

Resolvi falar das minhas impressões sobre nossos representantes no Oscar 2020: 'Democracia em Vertigem' e 'Dois Papas'. Sorte a minha ambos estarem disponíveis na Netflix! 

Comentarei mais pontos negativos que positivos, o que não significa que os filmes sejam ruins.

Começo por ‘Democracia em Vertigem’, de Petra Costa. 

Cada história, não importa se ficcional ou não, precisa de voz própria. Do contrário, parecem aquelas dublagens mal feitas de filme antigo. 


No documentário dirigido por Petra Costa, a voz que nos fala ao ouvido é a mesma do documentário ‘Elena’, da mesma diretora. Sim, Petra é a narradora dos dois documentários. Mas mais que isso: o tom é o mesmo. Em ‘Democracia em Vertigem’ somos conduzidos, por sua fala sussurrada, ao mesmo sentimento de melancolia que ouvimos em Elena. 

O problema é que são histórias diferentes. Ainda que o sentimento de tristeza seja um ponto de vista em comum em ambas, é difícil se convencer de que a dor de perder a irmã que se suicida seja a mesma de ver um processo de impeachment presidencial que se acredita ser golpe. 

Petra até tenta mostrar como a sua história pessoal e de sua família se interliga com a história do País e das figuras políticas retratadas no documentário: um avô empreiteiro cuja construtora prestou serviços para diferentes gestões do Governo Federal, um parente próximo casado com familiar de Aécio Neves, a família dividida nas eleições de 2018. Mas, na minha avaliação, a tentativa, ainda que bem sacada, não chega a ter o resultado esperado. 

Outra crítica é o fato de o documentário trazer pouca novidade: na prática, é um grande apanhado do que já vimos no noticiário, algo como uma retrospectiva televisiva de fim de ano. Por isso, para mim, soa estranho a crítica de que o documentário é uma ficção (sic!). 


Uma passagem digna de aplausos é a análise que a narradora faz da imagem com Dilma, Lula, Marisa e Temer na rampa do Palácio do Planalto no dia da posse. Presidenta e vice estão distantes: Dilma e Temer não seguram a mão um do outro. A presidenta está de mãos dadas com Lula, enquanto o vice está deslocado na cena. 

E vc? Assistiu ao documentário? Gostou? Concorda com o que eu disse? 


A próxima análise é de Dois Papas, de Fernando Meirelles. Aguarde.

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