terça-feira, 20 de março de 2018

Verbo porvir: a poesia em gestação em Roraima

Eles têm futuro. São o futuro, ainda que já sejam presentes. E muito! Neste post serão mais associados ao amanhã que ao hoje por um único motivo: ainda não publicaram livro próprio. E, cá entre nós, se não publicarem muito em breve será uma pena (e uma perda!) para nós, leitores.

Conheça um pouco mais sobre alguns dos jovens poetas de Roraima que têm tudo para estar nas nossas prateleiras após algumas voltas ao redor do sol.

Felipe Thiago

Natural de Cubati (PB), atualmente é acadêmico de Letras/Literatura da UFRR. Quando ainda era estudante de ensino médio, teve um poema selecionado para a antologia Olhares Poéticos. Teve ainda sucesso no Prêmio Língua & Amigos, no Concurso Cultural Frankenweenie, no Prêmio Poesia Livre 2016, na Antologia Poética: I Concurso Roraimense de Poesia Universitária (2017) e no Concurso Pão e Poesia 2017. É ainda membro do Coletivo Carapanã, coletivo de intervenção urbana, que explora a poesia como forma de protesto e expressão, para levar arte às ruas de Boa Vista.


Talvez que hoje seja o dia
Em que eu finalmente seja lido
Nas entrelinhas das entrelinhas
E me torne letras e mais letras
despido

Talvez que hoje seja aquele dia
Que não acaba nunca
E é por tantas vezes desejado
E repetido

Talvez que hoje seja um dia
Desses trezentos qualquer
Em que eu, licenciado poético,
Faça dele o que quiser
Inclusive poesia


(poema de Felipe Thiago selecionado para a Antologia Poética: I Concurso Roraimense de Poesia Universitária)

Brendo Vieira


Natural de Boa Vista, é poeta, ator, compositor e oficineiro de declamação de poemas. Começou a gostar de poesia no ensino fundamental, após participar de um projeto de pequenos declamadores. Sua música Sopa de Pedras, em parceria com Victor Pium, foi classificada no VI Festival Canto Forte, em Roraima, em 2015. Seus poemas podem ser encontrados no blog Brendo Vieira e no site Recanto das Letras.


Sopa de Letras

Hoje eu me entrego a essa sopa de pedras
memórias pra fora, sentimentos pra trás
agora é fogo na lata, o resto... nem lembro mais

Só lembro da dor que é passar o dia
juntando dinheiro de forma honesta
vagando pedindo, trabalhando, e não roubando

Chego no mercado, ganho um companheiro
que só por causa do meu cheiro
acha que vou roubar
- Você me viu vigiando carro a manhã inteira
ainda pensa que eu penso que quero te assaltar?

Escolhi esse local
por causa da freguesia
por causa da pessoa que quero me tornar um dia

Visível invisível
vagabundo proletário
Agradeço pela esmola
mas desejo um salário

Hoje eu me entrego a essa sopa de pedras
memórias são historias, sentimentos lá pra trás
agora é fogo na lata e o resto nem lembro mais.

(poema publicado originalmente no blog Brendo Vieira e que, depois de virar música, em parceria com Victor Pium, se classificou para o VI Festival Canto Forte)

Vítor de Araújo


Natural de Belém (PA), chegou a Boa Vista com quatro anos de idade. Graduado em Letras/Inglês, é professor de Literatura e amante das literaturas brasileira, inglesa e americana. É autor do blog Leve Mediocridade.


estrelinha

Viro estrelinha
Enquanto não viro uma estrelinha.
Nesse tempo meu papa
Vende Pirulin da feira
(Brasileira)
No Sinal da Major o ilha
Com a Vil lhe rói

(poema de Vítor de Araújo publicado originalmente no blog Leve Mediocridade)

Vítor de Araújo foi um dos entrevistados do escritor Marcelino Freire no vídeo abaixo, do quadro Reverbera. 


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