Ao se deparar em Roraima com o ainda restrito
acervo de livros infantojuvenis regionais, Clotilho Filgueiras criou ‘Daniel Sapeca
e o Diamante Azul do Tepequém’. Um tiro certeiro. A leitura é fácil e rápida. E
o pequeno leitor, ao longo do texto, (re)conhece costumes, lendas, a culinária,
riquezas naturais e o que a obra chama de folclore do Estado.
Lançado em 2012, o livro é o
primeiro (e único publicado até agora) da série que leva o nome do protagonista,
inspirado no seu homônimo, o filho do autor da obra.
Em Daniel Sapeca e o Diamante Azul do Tepequém, o personagem-título vai até a Serra do Tepequém, passando
por aventuras diversas em rios, lavrados, lagos, etc., para encontrar um
diamante e salvar o casarão de sua vovó Naná, que, por conta de um empréstimo, corre
o risco de ser leiloado.
O leitor acompanha as aventuras
desse herói mirim do lavrado pelo olhar do próprio narrador-personagem, neto da
dona de um casarão de família tradicional de Boa Vista, garoto cuidado por uma
velha índia macuxi (Angélica), que, após ser babá de três gerações, já é considerada
da família.
Por essas e outras, a obra nos
faz revisitar Monteiro Lobato e o Sítio do Pica-Pau Amarelo, em que vemos
Pedrinho em Daniel Sapeca, Dona Benta em Vovó Naná, e Tia Nastácia em Angélica.
Ao longo da história, Daniel Sapeca
recebe a ajuda da boiuna e de uma vaca, ambas falantes. Esta última teria ganhado
vários troféus em feiras de exposição agropecuária em Boa Vista.
Além disso, o protagonista conhece
um indiozinho que participa de um triátlon macuxi no Lago do Caracaranã para ganhar
como prêmio uma bolsa de estudos em Brasília.
Varias lições permeiam a história: não se
apropriar de coisas alheias, proteger a natureza, a importância de que os
impostos sejam revertidos para o bem da coletividade. Ah, também é possível ler
nas entrelinhas um sonho do coração de criança do autor: de ver a paz entre
índios, fazendeiros e agricultores.
Aliás, o livro é repleto de personagens fantásticos
(canaimé, boiuna, panela e vaca falantes), mas aqueles que mais parecem ser tão
só a engenhosa criação da mente fértil do autor são os políticos que, na história,
cumprem suas promessas.
Daniel Sapeca e o Diamante Azul do
Tepequém tem tudo para ser a porta de entrada para crianças, de Roraima ou não,
conhecerem a rica e ainda pouco conhecida explorada riqueza cultural da região.
FILGUEIRAS, Clotilho. Daniel Sapeca e o Diamante Azul do Tepequém. São Paulo: Biografia, 2012.
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