terça-feira, 31 de julho de 2018

Curiosidades sobre o conto ‘Teu Futuro te Condena’


Bem, eu já tinha falado um pouco sobre o processo de criação do conto ‘Teu Futuro Te Condena’ (para ler o post, clique aqui). Agora, resolvi publicar informações extras sobre a história. Se, além de matar a curiosidade de alguns, este despretensioso texto ajudar autores iniciantes a pensarem em como criar boas narrativas, seria uma ótima. 

O conto foi selecionado para publicação na Antologia Sombria, organizada pelo best-seller do terror brasileiro André Vianco e publicada pela Vivendo de Inventar, em parceria com a editora Empíreo. O livro reúne contos de temática sombria de vários autores brasileiros. 


A narrativa é feita em segunda pessoa do singular (tu) e no futuro do presente (serás). Talvez o único texto literário no mundo assim. Aliás, foi a partir dessas características que comecei a criar o conto. Falo mais sobre isso no post O nascimento de um conto ou como pari ‘Teu Futuro te Condena’, já citado acima. 

Ao contrário da maioria das narrativas policiais, neste conto, em vez de desvendar quem é o assassino, um dos grandes mistérios da história é a identidade do morto. E o final é surpreendente! Você acredita que só muito tempo depois me dei conta disso?! E olha que eu já tinha pensado em escrever uma história de suspense em que só se descobriria quem é o morto no desfecho. Quem diria? Fiz isso sem querer!

O conto é uma profecia dentro de outra profecia. Difícil entender, né? Talvez um exemplo ajude. Assim começa a história: “— Serás um assassino — dir-te-ei, recém-nascido, quando teus pais te trouxerem até mim.” Ou seja, a narradora começa o texto anunciando que fará uma profecia. No momento em que ela narra, a profecia ainda não foi feita. Que doido, hein?

Como consequência da curiosidade anterior, nada na história aconteceu ainda. Tudo é futuro, inclusive a profecia que a mulher anuncia que fará e que desencadeia toda a história. Ficção é uma coisa fascinante, não? 


Bem, diga nos comentários o que achou deste texto e do conto. 

Até!


Para ler o conto 'Teu futuro te condena', clique aqui.

Para ler sobre o processo de criação da história, clique aqui.

Leia também outros conto do mesmo autor

domingo, 29 de julho de 2018

Roraima na Flip 2018: fotografia, poesia e prosa

Roraima marcou presença na 16ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), em julho deste ano. Veja um pouco de como foi a nossa participação no principal evento internacional dedicado à literatura no Brasil.

Yano-a  

Yanomami. 2018. Foto: Claudia Andujar.
Fonte: Itaú Cultural
A exposição Yano-a reuniu fotografias de Claudia Andujar, fotógrafa e ativista suíça, naturalizada brasileira, com longo envolvimento com a Amazônia brasileira e o povo indígena Yanomami. 

No mundo Yanomami, Yano-a é o lar de grandes famílias. É também o local das festividades, da cura xamânica, da confraternização entre as comunidades e onde as famílias vivem e criam crianças que crescem e aprendem a viver. 

Claudia Andujar é uma das fundadoras da Comissão pela Criação do Parque Yanomami. Foi fotojornalista da revista Realidade e realizou importantes ensaios fotográficos na companhia dessas populações. Trabalhos seus integram acervos de importantes museus, como o MoMA, em Nova York.

Yanomami para sempre!
A mesa 'Yanomami para sempre!' teve a participação da fotógrafa Claudia Andujar, do líder Davi Kopenawa Yanomami e do missionário Carlo Zacquini. Davi Kopenawa é um dos autores do livro A queda do céu.

Literatura em Roraima 
Autor de ‘Urihi: nossa terra, nossa floresta’, o poeta Devair Fiorotti participou da atividade ‘Conversa sobre a Literatura produzida em Roraima’. 

O livro Urihi reúne poemas que retratam a história real de um yanomami voltando para sua casa, "que já não existe", após ser abandonado por um garimpeiro para quem teria trabalhado como escravo no garimpo.




Teatro do Oprimido 
Bárbara Santos e Francisco Alves Gomes. Foto: Kazuá.
Autor do livro de contos ‘Fotografias desmemoriadas de mim, de ti, de outrem’ e de três livros de poemas, Francisco Alves Gomes mediou uma mesa sobre a estética do Teatro do Oprimido.

O debate contou ainda com a presença da atriz, socióloga e curinga do Teatro do Oprimido Bárbara Santos. Criado por Augusto Boal, o termo Curinga define a função de facilitador e especialista em Teatro do Oprimido.

Além de escritor, Francisco Alves Gomes é mestre e doutorando em Literatura, pela UNB. Seu objeto de pesquisa no mestrado e no doutorado é a produção de Hilda Hilst para o teatro, homenageada da Flip deste ano.

Vídeo de Francisco Alves Gomes sobre a Flip 2018

Poema de Hilda Hilst, interpretado por Francisco Alves Gomes

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terça-feira, 24 de julho de 2018

História de livro ambientado no Brasil é a inspiração de Jurassic Park


Você sabia que a história de ‘O Mundo Perdido’ (1912), o livro que inspirou Jurassic Park, se passa no Brasil? Eu já tinha escrito uma resenha sobre o livro (para ler, clique aqui). Só não tinha dito ainda que a história fez sucesso quando foi lançada nos cinemas em 1925 (caraca!) e inspirou todos os outros filmes de dinossauros que vieram depois: King Kong (1933) (sim, nesse filme tem dinossauro!), a animação infantil Em Busca do Vale Encantado (1988), Up – Altas Aventuras (2009) (não tem dinossauro, mas a narceja Kevin não parece um bicho jurássico?) e, claro, Jurassic Park.

  
Foi o Monte Roraima, na fronteira do Brasil (Roraima) com a Venezuela e a Guiana, que inspirou a Terra de Maple White, platô na bacia amazônica brasileira descrito no livro de Arthur Conan Doyle, ainda que na obra o autor não seja lá muito detalhado ao situar geograficamente o local. Para quem não sabe, platô é uma montanha em forma de mesa. Já Conan Doyle é também o criador de, ninguém mais, ninguém menos que o famoso detetive inglês Sherlock Holmes.

cena do filme O Mundo Perdido
cena de King Kong (1933)
 

cena de Up - Altas Aventuras
Parece a montanha de O Mundo Perdido, né?


Monte Roraima. Foto: Koch-Gruberg, entre 1911-1913
Lembra muito a montanha de O Mundo Perdido. Você acha coincidência?

Ao contrário de mim, Conan Doyle nunca pisou no Monte Roraima (chupa, Doyle! Fãs do autor, é brincadeirinha... Não fiquem chateados), mas o pai de Sherlock leu relatos de viajantes à montanha na época ainda recém explorada pelos ocidentais. E assim nasceu um clássico da literatura mundial!

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quinta-feira, 12 de julho de 2018

A literatura de Roraima tá bem na fita!

Cristino Wapichana e Ina Carolina, no 59º Prêmio Jabuti
Crédito: acervo Jaime Brasil Filho
Né nada, não! Mas a literatura de Roraima vive seu melhor momento, recheado de prêmios nacionais e internacionais. Só pra citar alguns: pela primeira vez, ganhamos o Prêmio Jabuti, o mais mais da literatura brasileira.

E foi vitória em dose dupla: em 2017, Roraima levou o Jabuti na categoria Infantil, com o livro A Boca da Noite, de Cristino Wapichana, e na categoria Infantil Digital, com o livro coletivo Kidsbook Itaú Criança, que teve ilustrações de Ina Carolina. 

Revelado em 2007 no 4º Concurso FNLIJ Tamoios, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, Cristino Wapichana bombou também em 2017 no Peter Pan e na categoria melhor livro para crianças da FNLIJ, ambos com A Boca da Noite. Recentemente, o escritor wapichana Kamuu Dan também foi destaque do Concurso Tamoios por duas vezes. 

Além disso, Roraima tem pelo menos dois livros publicados em outras línguas: A Boca da Noite ganhou versão em Sueco e Dinamarquês; e Os Bravos de Oixi, de José Vilela, já havia sido publicado em Italiano em 1995. 

Aliás, nunca tivemos tantos livros publicados: em formato digital (ebook) e impresso, de forma independente, por editoras tradicionais ou via editais de cultura nacionais, tais como os livros Sem Grandes Delongas, de Edgar Borges, e Terreiro de Makunaima, de Jaider Esbell, publicados com recursos do programa Bolsas de Fomento à Literatura, e Sons, Imagens e Gestos, de Ernandes Dantas, publicado pelo Edital Microprojetos Mais Cultura na Amazônia Legal. 

Devair Fiorotti e seu livro de poemas Urihi
Nos últimos anos, as instituições públicas de ensino superior de Roraima (UFRR, UERR, IFRR) têm inserido obras locais no conteúdo programático para o vestibular: A Mulher do Garimpo, de Nenê Macaggi, O Guru da Floresta, de José Vilela, Meia Pata, de Ricardo Dantas, Amor para Quem Odeia, de Eli Macuxi, Conversando com Guillermo e O Homem de Barlovento, de Bruno Garmatz, e Urihi: Nossa Terra, Nossa Floresta, de Devair Fiorotti.

Para finalizar, nossas esperanças estão na pós-graduação das universidades de Roraima. A Especialização em Língua Portuguesa e Literatura da Universidade Estadual produziu pesquisas sobre cerca de 20 escritores locais. A expectativa é que esse trabalho seja até o fim de 2018 transformado em material técnico para ser utilizado nas escolas de Ensino Fundamental e Médio de Roraima em estudos das questões culturais regionais. Além disso, o Mestrado em Letras da Universidade Federal tem entre as dissertações já produzidas pesquisas sobre literatura local. 

Fala a verdade: não é pra ficar confiante?

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quarta-feira, 4 de julho de 2018

Músicas em homenagem a Chico Mendes

Vamos de música? Afinal, este blog se chama ArteLeituras...

Há tempos penso em postar as obras de arte abaixo, todas em homenagem ao líder serigueiro, mas sempre fui deixando pra depois...


1. Cuando los Ángeles Lloran (Maná)


É a mais famosa (mundialmente)!



2. O seringueiro (Zé Geraldo)


Uma poesia da MPB!

Do mesmo autor/intérprete de clássicos, como Senhorita ("Minha meiga senhorita"), Cidadão ("Tá vendo aquele edifício, moço?"), Milho Aos Pombos ("Isso tudo acontecendo e eu aqui na praça dando milho aos pombos), Como Diria Dylan (Meu amigo, meu compadre, meu irmão, escreva sua história pelas suas próprias mãos"), entre tantas outras.



3. Xapuri (George Farias e Eliakin Rufino, gravada por Euterpe)


Uma homenagem roraimense de dar orgulho! 

A versão na voz de Euterpe, pode ser ouvida neste link.

A música Xapuri me inspirou a escrever o conto Novos Franciscos, publicado  na revista Marinatambalo e no livro 'Do Nascimento ao Epitáfio'. A história foi ainda selecionada pelo Concurso Literário Internacional “Natureza 2017-2018”. Para ler o conto, acesse aqui.

4. Ao Chico (Tião Natureza)

Uma canção visceral! 

Desta lista, a que conheço há menos tempo (sugestão do meu amigo acriano Jeronymo Artur).


Gostou das canções? Conhecia todas?

Quem souber de outras sobre Chico Mendes comenta.

Músicas inspiradoras nunca são demais para os meus ouvidos...