A quinta entrevista da série com escritores de Roraima é com Marcelo Perez.
Graduado em Letras, com habilitação em Literatura, pela Universidade Federal de Roraima (2012), e especialista em Metodologia do Ensino de Artes pela UNINTER – Centro Universitário Internacional (2014), Marcelo Perez, desde 2012, publica o fanzine Receita no Verso, em que é responsável pelas arte, diagramação, organização e distribuição gratuita.
Tem dois livros publicados: “Ainda se estivesse faltando pedaços”, de poemas (2015) e “O desgaste do tempo nos dentes”, de contos (2017).
Como se deu seu contato com a leitura?
Meus pais leram contos pra mim. Nós também ouvíamos histórias nos discos. A minha mãe escrevia poemas. Eu também cresci vendo o meu pai lendo revistas e jornais. Depois veio a escola.
Que livros você mais gostou de ler na vida? De que gêneros, escolas literárias e temas você mais gosta?
Os livros que me marcaram foram os da coleção Vaga-lume: “A ilha perdida”, “O caso da borboleta Atíria”, “O escaravelho do diabo”, “A turma da rua quinze”, “A serra dos dois meninos”; e “O encontro marcado”, de Fernando Sabino. Adoro contos e poemas. Hoje, por conta da escrita, acabo lendo mais o gênero que estou escrevendo. Não tenho tema preferido.
Quais são suas influências artísticas?
Adoro Luis Fernando Veríssimo, Fernando Sabino, Caio Fernando Abreu, Ariano Suassuna, Nelson Rodrigues, Mário Bortolotto, Paulo Leminski, Arnaldo Antunes, Edgar Alan Poe, Charles Bukowski, Dostoiévski, Kafka, Tchekhov, J.D. Salinger, Beckett, David Goodis e outros. Esses eu tenho em casa e sempre volto à leitura. Torço pra que minha obra tenha características desses autores.
Como você avalia o cenário atual da literatura em Roraima?
Muita produção literária, lançamentos de livros por editoras e independentes, saraus, encontros de literatura e coletivos literários. Só posso concluir que estamos diante de um cenário promissor.
Que trabalhos literários roraimenses você mais admira?
Como publico o fanzine Receita no Verso, leio muitos poemas de diversos poetas. E tem muita gente mandando bem em Roraima! Vale destacar os poemas da Máfia do Verso – Roberto Mibielli, Sony Ferseck, Elimacuxi, Zanny Adairalba e Devair Fiorotti. Também curto muito os poemas de Brendo Vieira Santos, Jaime Brasil, Sâmia Araújo. Na prosa, destaco Meia Pata, de Ricardo Dantas; Índios em busca pela vida, de José Vilela de Moraes e os contos do Livrinho da Silva, do Aldenor Pimentel.
O que você diria sobre a nova geração de escritores de Roraima?
Ela traz a diversidade de temas. As paisagens do estado não são mais o foco. Eu me enquadro nessa nova geração.
Quais são seus objetivos, como escritor?
Quero publicar e ser lido.
Quais os momentos mais marcantes da sua carreira?
Quando lancei meu primeiro livro, “Ainda se estivesse falando pedaços”, de poemas, pela Máfia do verso, em 2015. Ali percebi que já havia um caminho e que não dava mais pra voltar atrás.
Como você caracteriza os textos que produz?
Eu escrevo sobre o que vivencio. Considero minha escrita autobiográfica.
Como é o seu processo de criação?
Caos total. Com poemas, rascunho palavras, frases, vou perseguindo uma forma e quando percebo tô enfurnado na escrita desse caos. Os contos do meu livro “O desgaste do tempo nos dentes” surgiram a partir da observação de pinturas expressionistas. Assim surgiu a ideia, eram microcontos. Depois, a cada leitura eu avançava um pouco e quando vi minha vida tava ali, dando sentido às histórias. O novo livro de contos vem da observação do universo escolar. As situações, personagens e a minha identificação com eles foram o ponto de partida.
O que o inspira a escrever? Quais são seus temas mais recorrentes?
Escrevo sobre essa vida transtornada, essa rotina veloz que tenta a todo o momento me confundir.
Fale sobre os livros que você publicou.
“Ainda se estivesse faltando pedaços”, publicado pela Máfia do Verso em 2015, foi o que me afirmou a identidade de escritor. Mesmo já reconhecendo a presença constante da escrita no meu cotidiano, o convite feito por outros escritores para a publicação dessa obra foi marcante. Reuni poemas de épocas distintas da minha vida, desde a adolescência até o ano da publicação, em 2015. “O desgaste do tempo nos dentes” foi independente, fruto da minha experiência com a publicação do fanzine Receita no Verso, fiz a capa, a diagramação, parte da revisão. É um livro que tenho muito carinho por ele.
Como você tem conseguido viabilizar financeiramente a publicação dos seus trabalhos?
Como disse, o livro de poemas foi publicado pela Máfia do Verso e o de contos, “O desgaste do tempo nos dentes” foi independente. O fanzine Receita no Verso distribuo gratuitamente.
Quais são seus projetos futuros?
Tenho dois livros na fase de criação de capa. Um livro de poemas com o título provisório “Me arrebenta por dentro quando penso” e um de contos, com o título provisório “Entre tribos e atritos”. O de contos foi resultado da Bolsa de Criação Literária, projeto aprovado pela FUNARTE em 2012, no qual fui contemplado para criar 20 contos.
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