O romance Ua:Brari: do outro lado do mundo, de Marcelo
Rubens Paiva, me conquistou logo nos agradecimentos, quando cita importantes
nomes para Roraima, meu Estado natal. Ali, o autor reverencia grandes
defensores da causa indígena, muitos que admiro de longe ou tive a felicidade
de conhecer de perto, entre os quais: Davi Kopenawa, Carlos Zaquini, Claudia
Andujar, Edson Soares Diniz.
Publicado em 1990, após uma decisiva conversa de bar entre o
escritor e lideranças indígenas brasileiras em Belém, Ua:Brari tem como título um
personagem da narrativa mítica makuxi, que descobriu um caminho por baixo da
terra para chegar ao outro lado do mundo. Marcelo Rubens Paiva usa essa figura
para criar a história do filho de um grande empresário paulista que se torna
uma espécie de líder messiânico em Roraima, alguém que encontrou o caminho para
o outro mundo, segundo a crença de sua multidão de seguidores.
Autor de Feliz Ano Velho, Marcelo Rubens Paiva, em Ua:Brari,
lapida com maestria um narrador-personagem que, de tão humano, nos faz não
querer abandonar a leitura, mesmo em grandes porções de páginas em que nada de
mais acontece. Segundo o próprio autor, há amigos que consideram este seu melhor
livro.
Ainda que, em muitos momentos, eu tenha ficado em dúvida se
a história tem imprecisões geográficas ou apenas escancarou meu desconhecimento
sobre algumas regiões do meu próprio Estado, achei importante ver Roraima como
cenário de histórias ficcionais dessa magnitude, que mostram uma Amazônia
urbana e suas complexas questões ainda atualíssimas, tais como mineração, conservação
ambiental, soberania nacional, etc.
Vá lá que estranhei alguns rumos que a história tomou, o que
é muito comum! No fim das contas, recomendo conhecer esse outro lado do mundo
de Marcelo Rubens Paiva.
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